The Silent Twins (“As Gêmeas Silenciosas”) é um filme que vem intrigando o público do Reino Unido desde sua estreia no Festival de Cannes. A obra retrata a história real de June e Jennifer Gibbons, irmãs gêmeas que passaram grande parte de suas vidas se comunicando apenas entre si, um comportamento que intrigou e desafiou especialistas por décadas.
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Infância Marcada pelo Racismo e Isolamento
June e Jennifer Gibbons nasceram em 1963, no Iên, filhos de pais barbadenses. Com o pai servindo na Força Aérea Real (RAF), a família viveu em diversas localidades do Reino Unido, incluindo Coventry, Yorkshire, Devon e, por fim, Haverfordwest, no País de Gales. Foi nesse último destino que as irmãs enfrentaram o racismo e o bullying por serem a única família negra da região.
A constante discriminação as levou a se fechar para o mundo exterior, rejeitando o contato com todos, exceto uma com a outra. A comunicação entre elas se dava por meio de uma língua própria, uma mistura de inglês e dialeto barbadense, acelerado e incompreensível para quem não fosse parte do vínculo das duas.
O Mundo Particular das Gêmeas
Enquanto o mundo exterior se tornava cada vez mais distante, as irmãs desenvolveram uma vida interior rica. Elas escreviam peças, diários e romances, criando um universo de criatividade e fantasias. No entanto, essa conexão também gerava angústia. Segundo Marjorie Wallace, autora do livro The Silent Twins (1986), as irmãs se moviam de forma sincronizada e refletiam uma dependência extrema uma da outra.
A tentativa de inseri-las na sociedade falhou. Professores e instituições desistiram das gêmeas, e elas deixaram a escola aos 16 anos, praticamente sem qualificações acadêmicas. A partir de então, o comportamento rebelde se intensificou.
O Caminho para Broadmoor
Nos anos 1980, as irmãs passaram a se envolver em atividades criminosas, incluindo furtos, vandalismo e incêndio criminoso. Em 1981, foram presas e, no ano seguinte, transferidas para o hospital psiquiátrico de alta segurança Broadmoor, onde permaneceram por 11 anos.
Durante o tempo de internação, houve uma tentativa de separá-las, com o objetivo de reintegrá-las à sociedade, mas o plano falhou. A separação potencializou ainda mais a conexão entre elas, levando-as a um estado de desespero. June chegou a escrever cartas para o Ministério do Interior e para a Rainha Elizabeth II, pedindo liberdade.
A Morte Misteriosa de Jennifer
Em 1993, as irmãs foram transferidas para uma clínica de segurança média no País de Gales. No entanto, ao chegar ao local, Jennifer foi encontrada inconsciente e morreu logo depois. A causa oficial foi registrada como miocardite aguda, uma inflamação do coração. Sem sinais de trauma, a morte gerou especulações.
Wallace relatou que Jennifer previra a própria morte. Pouco antes da transferência, Jennifer teria dito: “Eu vou morrer”. Quando questionada, ela reafirmou: “Nós decidimos assim”. June, que acompanhava a irmã, consentiu com um aceno. Muitos interpretaram esse momento como uma decisão silenciosa entre as duas, em que Jennifer “escolheu partir” para permitir que June vivesse uma vida independente.
A Vida de June Após a Tragédia
Após a morte de Jennifer, June passou a se comunicar abertamente com as pessoas, comportamento até então inédito. Ela foi liberada da clínica no ano seguinte e hoje leva uma vida discreta. June visita o túmulo da irmã regularmente e segue preservando a memória do vínculo inquebrantável que mantinha com Jennifer.
A história das gêmeas Gibbons continua a fascinar e intrigar, oferecendo reflexões sobre identidade, vínculos familiares e os limites da mente humana.
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