Número 24 é um drama biográfico intenso que explora a vida de Gunnar Sønsteby, o herói de guerra mais condecorado da Noruega, e sua luta incansável contra a ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial. O filme, lançado na Netflix, mergulha nos dilemas morais e nas cicatrizes emocionais deixadas pelo conflito, mostrando que a liberdade tem um preço, muitas vezes pago com sacrifícios pessoais dolorosos.
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Quem foi Erling Solheim?
Erling Solheim, embora inicialmente apresentado como uma figura enigmática, revela-se uma peça-chave na narrativa de Gunnar. Solheim era um amigo de infância de Gunnar, mas suas escolhas durante a guerra colocaram os dois em lados opostos do conflito.
Enquanto Gunnar ingressava na resistência norueguesa para lutar contra a ocupação nazista, Erling adotava uma postura de colaboração, auxiliando as forças alemãs a identificar membros da resistência. Acreditando que cooperar com os nazistas poderia proteger sua família e garantir a sobrevivência, Erling começou a denunciar antigos conhecidos. Esse ato de traição culminou em sua execução pela própria resistência, em uma operação ordenada por Gunnar.
O conflito moral de Gunnar atinge seu ápice quando ele precisa escolher entre preservar a vida de um velho amigo ou proteger a causa maior. Esse dilema simboliza a desumanização provocada pela guerra, onde até laços de amizade são sacrificados em nome de um bem maior.
Por que Gunnar escondeu a verdade sobre Erling?
Ao longo do filme, Gunnar, já idoso, evita mencionar Erling Solheim durante uma palestra para estudantes, alegando não reconhecer o nome. Essa omissão, no entanto, esconde um trauma profundo.
A decisão de Gunnar de ocultar a verdade não se baseia em vergonha, mas sim em um mecanismo de autopreservação. Como ele menciona metaforicamente, sua mente é dividida em cinco gavetas, e a última delas – contendo as memórias mais dolorosas – permanece trancada desde o final da guerra. Para continuar vivendo após o conflito, Gunnar precisou se distanciar emocionalmente de certas decisões.
Contudo, no encerramento do filme, vemos uma cena tocante em que Gunnar conversa em particular com uma estudante, descendente de Erling. Lágrimas escorrem de seu rosto, sugerindo que ele finalmente compartilha a verdade sobre o destino de seu amigo. Esse momento íntimo simboliza uma forma de redenção tardia, uma tentativa de Gunnar de lidar com um fantasma do passado que o assombrava silenciosamente.
Gunnar está morto no final do filme?
Sim, Gunnar Sønsteby faleceu em 2012, aos 94 anos. No entanto, Número 24 não retrata sua morte, optando por encerrar a narrativa com a cena de sua palestra e o encontro com a estudante. O filme destaca o legado de Gunnar, sugerindo que, mesmo após sua morte, suas ações e valores continuam vivos na memória coletiva da Noruega.
A ausência de uma cena explícita de sua morte reforça a ideia de que o verdadeiro legado de um herói transcende o tempo. Gunnar Sønsteby não é lembrado apenas por sua bravura em combate, mas também pela complexidade de suas escolhas e pela humanidade que manteve, mesmo em tempos de guerra.
Número 24 não é apenas um filme de guerra, mas uma reflexão sobre os custos morais do conflito, a amizade e o peso do arrependimento. É uma história que ressoa muito além da tela, nos lembrando que, mesmo nos momentos mais sombrios, a humanidade de um indivíduo pode brilhar e deixar um legado que perdura por gerações.
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