Em ‘Não nos calaremos‘, os diretores Eduard Cortés, David Ulloa e Marta Font dão vida a uma emocionante história de turbulência adolescente. A minissérie dramática adolescente espanhola acompanha Alma, de 17 anos, e suas amigas Greta e Nata, cujas vidas são destruídas quando Alma expõe um agressor à espreita em sua escola.
Enquanto Alma lida com as consequências, segredos se desvendam e lealdades são testadas, revelando as complexidades dos relacionamentos adolescentes e a busca por justiça. As emoções cruas retratadas pelos personagens, os meandros da trama e o retrato assombroso de questões sociais nos deixam questionando se a série se baseia em eventos reais.
Do retrato autêntico das lutas adolescentes aos paralelos perturbadores com questões contemporâneas de agressão sexual e ativismo nas redes sociais, todos os aspectos da série parecem familiares. A integração desses elementos no enredo desperta curiosidade e especulação, levando os espectadores a refletir sobre as origens da narrativa e a possibilidade de inspiração na vida real por trás do drama.
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Não nos calaremos tem suas raízes em um romance
‘Não nos calaremos‘ se baseia no romance de Miguel Sáez Carral, que, junto com Isa Sánchez, o adaptou para as telas. Sáez Carral, ilustre jornalista e roteirista espanhol, formou-se em Jornalismo pela Universidade Complutense de Madri. Ele lançou sua carreira de roteirista com ‘Al Salir de Clase’, ganhando o Prêmio Ondas de melhor série de televisão.
Além disso, ele adaptou o romance colombiano ‘Sin no hay cielo’ para a televisão espanhola. Como criador e roteirista-chefe de ‘Homicidios’, Sáez Carral continuou a deixar sua marca, dando vida ao romance ‘Apaches’ na Netflix.
Sua criação ‘Não nos calaremos‘ é muito próxima da realidade, apesar de ser uma narrativa ficcional. Afinal, seu retrato da cultura do estupro e das lutas enfrentadas por seus personagens reflete as realidades sombrias de nossa sociedade. Através de seus temas e elementos relacionáveis, a série serve como um lembrete gritante das duras verdades que muitos suportam em silêncio.
Caso de Ain
A cultura do estupro nas escolas é um problema do mundo real enfrentado pelas mulheres. Em Kuala Lumpur, na Malásia, Ain Husniza Saiful Nizam, de 17 anos, usou o TikTok para expor a piada perturbadora de uma professora, provocando protestos contra a violência enfrentada por meninas e mulheres malaias. Isso espelha as ações de Alma em ‘Não nos calaremos‘, onde ela pendura uma faixa em sua escola para destacar uma agressão sexual oculta.
Ain, estudante de uma escola secundária em Puncak Alam, revelou que, durante uma discussão em sala de aula sobre leis que protegem menores de abuso sexual, um professor do sexo masculino comentou: “Se você quiser estuprar alguém, certifique-se de que ele tenha mais de 18 anos”. Chocado e revoltado, Ain notou o silêncio das meninas, enquanto os meninos riam.
Seu vídeo, visto mais de 1,8 milhão de vezes, provocou um debate renovado sobre misoginia e violência, levando Ain a lançar a campanha #MakeSchoolASaferPlace, apesar de enfrentar reações nas redes sociais e ameaças de expulsão. Este incidente ressalta o profundo impacto e poder das mídias sociais em aumentar a conscientização e impulsionar a mudança social.
As instituições e o silêncio
As instituições frequentemente se esforçam para varrer casos semelhantes aos retratados em ‘Não nos calaremos‘ ou no incidente de assalto à Steubenville High School da vida real para debaixo do tapete. No entanto, a onipresença das mídias sociais na sociedade contemporânea tornou progressivamente desafiador enterrar tais atrocidades.
O ataque à Steubenville High School, em 2012, lançou luz sobre os efeitos prejudiciais das redes sociais quando usadas para perpetrar e perpetuar danos. Como a vítima de estupro estava incapacitada pelo álcool, seus colegas gravaram e compartilharam imagens da agressão sexual em várias plataformas como Facebook, Twitter e por meio de mensagens de texto, amplificando a insensibilidade dos agressores.
A disseminação generalizada dessas gravações não apenas intensificou o trauma da vítima, mas também alimentou uma cultura perturbadora de culpabilização da vítima e ridicularização online. O superintendente de escolas de Steubenville também foi acusado de atrapalhar a investigação de um estupro anterior ocorrido em 2012.
Em contraste, a campanha #MakeSchoolASaferPlace iniciada por Ain Husniza Saiful Nizam em Kuala Lumpur é uma prova do poder construtivo das mídias sociais. Esses exemplos paralelos ilustram a natureza dual das mídias sociais, que, dependendo de sua aplicação, podem perpetuar danos ou promover reformas sociais significativas.
Não nos calaremos e suas raízes na realidade
“Não nos calaremos” pode estar enraizado na ficção, mas seus temas ressoam profundamente com a realidade, assim como outros dramas espanhóis que abordam questões semelhantes. Em ‘Alba’, série espanhola da Netflix, a protagonista acorda em uma praia, com sinais de agressão, mas sem memória do evento, apenas para descobrir que seus agressores são amigos de seu namorado.
Da mesma forma, o thriller espanhol de 2023 ‘A Garota da Neve’, baseado no romance de Javier Castillo, segue a busca incansável da jornalista Miren Rojo pela verdade por trás do sequestro de uma jovem enquanto ela lida com sua própria experiência traumática de agressão sexual. Essas narrativas, incluindo ‘Não nos calaremos‘, destacam o impacto generalizado e assombroso da violência sexual, borrando a linha entre ficção e horrores da vida real.
Mesmo em sua narrativa ficcional, “Não nos calaremos” habilmente entrelaça elementos da realidade, o que levanta a questão de sua autenticidade. Seu retrato pungente de questões sociais, que lembra incidentes do mundo real, evoca uma sensação de familiaridade e reflexão. Assim, embora a série seja uma obra de ficção, sua ressonância com os desafios contemporâneos leva a uma exploração mais profunda das questões urgentes que enfrenta.
Casos de cultura do estupro e as lutas de jovens retratados na série são muito comuns em nosso mundo. No entanto, é animador ver que os jovens de hoje não têm medo de falar contra a injustiça e exigir mudanças, como exemplifica a personagem de Alma em ‘Não nos calaremos‘ ou campanhas como #MakeSchoolASaferPlace. Essa coragem de enfrentar e desafiar o status quo sinaliza uma mudança esperançosa em direção a um futuro mais responsável e equitativo.
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