Harriet fatos reais e ficção

O filme Harriet é baseado em fatos reais, mas recheado de ficção (entenda)

Descubra o que é verdade e o que é ficção no filme Harriet, que retrata a trajetória da icônica abolicionista Harriet Tubman.

O filme Harriet, dirigido por Kasi Lemmons e estrelado por Cynthia Erivo, traz à tona a trajetória inspiradora de Harriet Tubman, uma das figuras mais emblemáticas da luta contra a escravidão nos Estados Unidos. Conhecida como a “Moisés” de seu povo, Tubman ajudou dezenas de escravizados a encontrar a liberdade e teve um papel importante durante a Guerra Civil Americana.

O filme Harriet é um tributo à sua coragem, mas, como acontece em muitas cinebiografias, apresenta algumas adaptações e elementos fictícios para intensificar a narrativa. Vamos explorar o que é verdade e o que é ficção na história contada pelo filme.

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A Jornada para a Liberdade

Um dos eventos centrais do filme Harriet é a fuga dela da escravidão. Esse é um fato verdadeiro e central na história de Tubman. Nascida como Araminta “Minty” Ross em Maryland, Harriet escapou sozinha em 1849, percorrendo quase 160 quilômetros até a Filadélfia.

Após cruzar a fronteira, ela descreveu a experiência de maneira comovente, como se o sol brilhasse como ouro, e ela se sentisse no paraíso. No entanto, a liberdade plena só chegou quando ela pôde ajudar seus entes queridos a escaparem também, e é por isso que Harriet retornou várias vezes ao sul dos Estados Unidos.

“Moisés” da Underground Railroad: Um Título Merecido

O título de “Moisés” dado a Harriet Tubman, que também aparece no filme, é baseado na realidade. Tubman foi um dos “condutores” mais famosos da Underground Railroad, um sistema secreto de rotas e abrigos que ajudava escravizados a escaparem para o Norte.

Entre 1850 e 1860, Harriet fez cerca de 13 viagens de volta ao sul e ajudou cerca de 70 pessoas a alcançarem a liberdade, incluindo membros de sua família. A dedicação e coragem de Tubman foram tão impressionantes que até hoje ela é lembrada como uma líder em busca de liberdade.

Fatos e Ficções em Personagens do filme Harriet

Gideon Brodess

O filme Harriet apresenta personagens reais e fictícios para ajudar a compor a narrativa. Um dos antagonistas, Gideon Brodess, não existiu na vida real. Ele foi criado para representar a ameaça constante que Harriet enfrentava dos donos de escravos.

Gideon, como personagem, serve para dramatizar o conflito entre Tubman e os opressores, intensificando a tensão da história. Contudo, o filme acerta ao mostrar que Harriet foi, de fato, perseguida por caçadores de recompensas.

Já William Still, interpretado por Leslie Odom Jr., é um personagem real. Ele foi um importante abolicionista e ativista negro que ajudou centenas de pessoas a escaparem da escravidão. Embora o filme Harriet exagere o envolvimento de Still no momento da chegada de Harriet à Filadélfia, ele realmente trabalhou com Tubman e documentou os feitos de muitos fugitivos em seu livro The Underground Railroad Records.

Outra personagem de destaque no filme é Marie Buchanon, interpretada por Janelle Monáe, que ajuda Harriet em sua adaptação à vida como mulher livre. No entanto, essa personagem é fictícia. Criada para representar o apoio que Harriet encontrou ao longo de sua vida, Marie simboliza as diversas pessoas que ajudaram Tubman em sua missão.

As “Visões” de Harriet: Realidade ou Ficção?

Um dos elementos que mais intrigam os espectadores de Harriet são as visões que a protagonista experimenta, guiando-a em suas missões de resgate. No filme Harriet, essas visões são apresentadas como mensagens de Deus, resultado de sua profunda fé.

Essa parte da narrativa é verdadeira, mas tem uma explicação: aos 13 anos, Harriet sofreu um trauma grave ao ser atingida na cabeça por um peso de metal, causando-lhe crises epilépticas e visões que ela interpretava como instruções divinas. Historiadores acreditam que ela pode ter desenvolvido epilepsia ou narcolepsia. No entanto, Harriet confiava profundamente nessas visões, acreditando que Deus a guiava.

A Relação com John Tubman

Harriet e John Tubman

O filme mostra Harriet retornando ao sul para resgatar seu marido, John Tubman, mas descobrindo que ele se casou novamente. Esse fato é real: John era um homem negro livre, mas, ao ver que Harriet estava ausente por muito tempo, acreditou que ela não voltaria e se casou com outra mulher.

A diferença é que, na realidade, Harriet resgatou primeiro sua sobrinha Kessiah e seus filhos antes de retornar por John. A decepção de Harriet ao ver que seu marido havia seguido em frente é mostrada no filme e reflete um dos sacrifícios pessoais que ela fez em sua luta pela liberdade.

A Lei do Escravo Fugitivo e a Fuga para o Canadá

Após a aprovação da Lei do Escravo Fugitivo em 1850, a situação para escravizados fugitivos piorou drasticamente. Essa lei permitia que os escravizados fossem recapturados mesmo em estados onde a escravidão era ilegal.

Em resposta, Harriet passou a conduzir os resgatados para o Canadá, onde estariam fora do alcance da lei americana. No filme Harriet, vemos como essa mudança impactou as operações da Underground Railroad e forçou Tubman a se adaptar às novas condições.

O Raide no Rio Combahee

Um dos momentos mais poderosos do filme Harriet é o Raide do Rio Combahee, durante a Guerra Civil Americana. Esse episódio realmente aconteceu, e Harriet desempenhou um papel crucial. Em 1863, ela liderou uma expedição com soldados negros do exército da União, libertando mais de 750 escravizados e destruindo linhas de suprimento confederadas.

Esse feito notável fez dela a primeira mulher a liderar uma expedição militar nos EUA. Contudo, alguns historiadores questionam o grau exato de seu comando durante a operação, embora seu papel como guia e espiã seja inegável.

Harriet Tubman: Um Legado Real e Inspirador

Embora o filme Harriet tome algumas liberdades criativas para intensificar a narrativa, ele faz justiça ao legado de Harriet Tubman. Sua coragem, fé e determinação são representadas de forma impactante, tornando-a um símbolo de liberdade e justiça.

Tubman continuou sua luta pela igualdade até o fim de sua vida, dedicando-se também ao movimento sufragista feminino após o fim da Guerra Civil. Em 1913, aos 91 anos, Harriet faleceu, deixando um legado que inspira gerações até hoje.

Considerações Finais

Harriet não é apenas um filme; é uma celebração da vida de uma mulher que desafiou o impossível. Ao mostrar uma visão humana e heroica de Tubman, o filme captura o espírito de sua missão, ainda que com alguns elementos fictícios.

Em um mundo onde o passado ainda reflete em nosso presente, a história de Harriet Tubman é um lembrete poderoso de que a luta pela liberdade e igualdade é uma jornada que nunca deve cessar.

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