O filme Estrelas Além do Tempo (2016) trouxe à tona uma história emocionante e muitas vezes negligenciada: a contribuição de mulheres afro-americanas na corrida espacial dos Estados Unidos. Baseado no livro de Margot Lee Shetterly, a obra narra a trajetória de matemáticas que desempenharam um papel crucial nos programas da NASA, desafiando barreiras de gênero e raça. Mas o que há de real por trás desse filme? Vamos explorar os fatos históricos e as vidas inspiradoras de Mary Jackson, Katherine Johnson e Dorothy Vaughan.
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As “Computadores Humanos” da NASA
Na década de 1930, a National Advisory Committee for Aeronautics (NACA), precursora da NASA, começou a contratar mulheres como “computadores humanos”. Essas profissionais realizavam cálculos matemáticos essenciais para experimentos e missões. Durante a Segunda Guerra Mundial, o programa foi ampliado, incluindo mulheres afro-americanas que trabalhavam em uma seção segregada, conhecida como West Area Computing.
Com o tempo, essas matemáticas não apenas integraram os departamentos, mas também conquistaram cargos de destaque, tornando-se engenheiras e pioneiras na programação de computadores eletrônicos. Elas contribuíram diretamente para o sucesso de missões históricas, como o lançamento de John Glenn em órbita em 1962.
As Protagonistas Reais de “Estrelas Além do Tempo”
Abaixo, conheça um pouco mais sobre cada uma:
Mary Jackson (1921-2005)
Mary Jackson nasceu em Hampton, Virgínia, e se destacou desde jovem pelos seus talentos acadêmicos. Após se formar em Matemática e Ciências Físicas, ingressou na NACA, onde participou de experimentos em túneis de vento e testes de voo.
Jackson também era uma defensora do crescimento profissional de outras mulheres, aconselhando-as sobre educação e oportunidades de carreira. Depois de 30 anos como engenheira, decidiu se tornar especialista em igualdade de oportunidades, ajudando mulheres e minorias a avançarem em suas carreiras.
Katherine Johnson (1918-2020)
Katherine Johnson, nascida na Virgínia Ocidental, demonstrou genialidade matemática desde cedo, avançando rapidamente nos estudos. Contratada pela NACA em 1953, Johnson desempenhou um papel crucial na análise de trajetórias espaciais, incluindo a missão de Alan Shepard em 1961 e a órbita de John Glenn em 1962.
Glenn confiava tanto em seu trabalho que pediu especificamente que ela revisasse os cálculos feitos por computadores. Sua contribuição se estendeu às missões Apollo e ao desenvolvimento de tecnologias espaciais. Em 2015, Johnson recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade, o maior reconhecimento civil dos Estados Unidos.
Dorothy Vaughan (1910-2008)
Dorothy Vaughan iniciou sua carreira na NACA em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, em uma posição temporária que logo se tornou permanente. Em 1949, Vaughan tornou-se a primeira supervisora negra da agência, garantindo o avanço de sua equipe.
Com a transição da NACA para a NASA, ela se especializou na linguagem de programação FORTRAN, essencial para os primeiros computadores eletrônicos. Vaughan também contribuiu para o desenvolvimento do foguete Scout, usado para lançar satélites. Ela se aposentou em 1971, deixando um legado de inovação e liderança.
O Legado das Mulheres Invisíveis
O impacto dessas mulheres vai muito além de seus cálculos. Elas abriram portas para futuras gerações, mostrando que talento e determinação podem superar barreiras aparentemente intransponíveis. Estrelas Além do Tempo não apenas celebra suas realizações, mas também serve como um lembrete da importância de reconhecer as contribuições de todos os profissionais, independentemente de raça ou gênero.
Se você ainda não assistiu ao filme, vale a pena conferir e se inspirar nas histórias dessas mulheres que ajudaram a escrever um dos capítulos mais emocionantes da ciência moderna.
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