Crítica de Umjolo: Mais que Amizade | Vale a pena assistir ao filme?

O cinema sul-africano vem ganhando espaço nos catálogos das plataformas de streaming, mas nem sempre por motivos positivos. “Umjolo: Mais que Amizade”, dirigido por Fikile Mogodi, é um desses filmes que, ao invés de elevar o gênero de drama romântico, parece insistir em repetir clichês ultrapassados e valores questionáveis. Se você esperava uma história envolvente sobre amizades que se transformam em algo mais, prepare-se para uma montanha-russa emocional que beira o absurdo e flerta perigosamente com a toxicidade disfarçada de entretenimento.

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Trama de Umjolo: Mais que Amizade

A trama foca em Zanele, uma empresária bem-sucedida que gerencia projetos de construção através do Zenzele Group. Ao lado de seu melhor amigo Andile, casado com Jessica, ela é praticamente uma parte da família. Mas as aparências enganam.

A festa de 70 anos do pai de Andile serve como catalisador para uma série de revelações que expõem preconceitos familiares, traições e relações instáveis. E o que poderia ser um estudo sobre as complexidades das relações adultas rapidamente se transforma em um desfile de decisões impulsivas e comportamentos auto destrutivos.

Falhas do filme

A maior falha de “Umjolo: Mais que Amizade” está no roteiro, que parece escrito com a intenção de causar o máximo de drama possível, mesmo que isso não faça sentido narrativo. A justificativa para traições e mentiras é tão superficial que chega a ser cômica: “A vida estava muito normal, então decidi complicar tudo.” Esse tipo de motivação fragiliza a credibilidade do filme e transforma o que poderia ser uma reflexão séria sobre relações modernas em um folhetim digno de novela das nove, mas sem o charme.

Outro ponto que merece destaque (negativo) é a maneira como o filme lida com questões de gênero e infidelidade. Em pleno 2024, é desconcertante ver um longa que romantiza a ideia de que homens podem trair livremente, enquanto mulheres devem lidar com as consequências em silêncio. A suposta crítica ao machismo e às dinâmicas de poder entre gêneros se perde no meio de cenas em que a traição é vista como um pequeno deslize ao invés de um problema sério a ser abordado.

Visualmente, o filme também não impressiona. A cinematografia é genérica, com iluminação exagerada e cores que colidem em vez de harmonizar. As escolhas de figurino são questionáveis e os cenários parecem saídos de uma novela de produção barata. Não há uma identidade visual clara, o que reforça a sensação de que estamos assistindo a um episódio estendido de um seriado de TV de qualidade duvidosa.

Apesar de tudo, o elenco se esforça para dar alguma profundidade aos personagens. Sbusisiwe Jili, Kay Sibiya e o restante do elenco entregam performances competentes, mas claramente limitadas por um roteiro que não lhes oferece material suficiente para brilhar. O potencial para um filme melhor está ali, soterrado por escolhas criativas errôneas.

Vale a pena assistir?

Ao final de “Umjolo: Mais que Amizade”, fica a sensação de que o filme tenta replicar sucessos passados do cinema indiano e sul-africano, mas sem aprender com os erros desses gêneros. A comparação com filmes indianos como “Kabhi Alvida Naa Kehna” é inevitável. No entanto, enquanto esse clássico de Karan Johar ao menos tentava discutir de forma honesta os desafios dos relacionamentos, “Umjolo” parece se contentar em glorificar a confusão e a irresponsabilidade.

Vale a pena assistir? Se você gosta de dramas cheios de reviravoltas forçadas e personagens que parecem sempre tomar a pior decisão possível, talvez sim. Caso contrário, há opções melhores por aí. “Umjolo: Mais que Amizade” é um lembrete de que nem todo drama precisa existir apenas pelo choque e que o cinema romântico ainda tem um longo caminho para recuperar sua dignidade.

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