Criaturas do Farol (Beacon), dirigido por Roxy Shih, parte de uma premissa instigante: uma jovem marinheira, Emily (Juliana Goldani Telles), sobrevive a um naufrágio e é resgatada por Ismael (Demián Bichir), o solitário zelador de um farol em uma ilha remota. O que se desenrola é um suspense psicológico que flerta com elementos de horror, mas que, infelizmente, falha em explorar todo o seu potencial.
Um início promissor que não entrega o esperado
O filme apresenta um cenário intrigante: o isolamento da ilha e a relação entre Emily e Ismael criam uma base perfeita para tensões e mistérios. Ismael é caloroso em sua recepção, mas há algo inquietante em sua bondade. Emily, por sua vez, reage com cautela, e Telles transmite bem essa mistura de alívio e desconfiança. A interação inicial entre os dois promete um suspense psicológico de alto nível.
No entanto, o ritmo do filme rapidamente se torna arrastado. A história não mergulha tão fundo quanto poderia nos temas de paranoia e tensão. O enredo parece hesitante, e reviravoltas que deveriam ser impactantes, como a revelação de que Ismael supostamente falou com o falecido pai de Emily, carecem de peso emocional. Essa previsibilidade enfraquece a narrativa e tira do espectador o senso de surpresa.
Horror adicionado tarde demais
Apesar de toques de horror, como referências a sereias e insinuações de transformação corporal, esses elementos são introduzidos de forma tardia e superficial. A ideia de Emily se transformar em uma criatura marinha, por exemplo, é fascinante, mas chega tão tarde que não consegue se desenvolver ou causar impacto significativo.
O ponto alto do filme deveria ser o confronto final entre Emily e Ismael, mas quando os momentos de maior tensão finalmente acontecem, o público já pode estar desconectado da trama. O suspense construído em doses pequenas e esparsas dilui o impacto da conclusão.
Direção e atuações que se destacam, mas não salvam
Roxy Shih faz um bom trabalho ao transmitir a sensação de isolamento da ilha. Os cenários e a direção criam uma atmosfera que poderia ter sido melhor aproveitada por um roteiro mais focado. Demián Bichir oferece uma atuação intrigante, oscilando entre o afetuoso e o ameaçador, enquanto Juliana Goldani Telles captura bem a fragilidade e força de Emily. Infelizmente, nem a direção nem as atuações conseguem superar as limitações de um roteiro previsível e disperso.
Vale a pena assistir a Criaturas do Farol?
Embora Criaturas do Farol tenha um início promissor e um elenco talentoso, o filme tropeça em sua execução. Ele não se compromete totalmente com o suspense psicológico nem com o horror, deixando ambos os elementos subaproveitados. A trama previsível e o ritmo lento tornam difícil se engajar, mesmo quando a história finalmente ganha intensidade no final.
Para quem busca um suspense leve com toques de mistério, Criaturas do Farol pode ser uma experiência razoável. No entanto, aqueles que esperam um thriller psicológico impactante ou um terror envolvente podem se decepcionar. É uma obra que tenta brilhar, mas sua luz nunca atinge todo o seu potencial.
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